terça-feira, 15 de junho de 2010

3-6-1 kkkkkkkkkkk


Minha primeira Copa do Mundo foi a de 1982. Eu tinha 9 anos e não me lembrava rigorosamente nada das outras. E tínhamos um time excelente, imbatível e incomparável e etc. Eu era fã do Zico e estava convencida de que ele era capaz de resolver qualquer questão futebolística. Eu me lembro de que era comum respondermos à questão “para que time você torce?” de uma maneira bem particular. Dizíamos o nome do time paulista seguido de “...e pro Flamengo”. Eu era criança e não conseguia torcer contra o cara, nunca. Nenhum dos meus colegas também.

A segunda fase da Copa de 82 fomos assistir com a minha avó materna. Ela morava em São Carlos e toda a família estava lá. Eu me lembro de sair com meu pai, meus irmãos e meus primos para comprarmos camisetas e bandeiras. E eu me lembro da comemoração antecipada. Então começou o jogo. E aí eu aprendi tudo que eu precisava aprender sobre futebol. Sobre o jogo ser mágico e sobre as superstições que o envolvem. E aquilo dele não ser justo também.

Eu me lembro do meu primo mais velho fazendo uma promessa ali, aos 40 minutos do segundo tempo e andando de joelho pelo corredor da casa da minha avó. Me lembro da minha tia dizendo que a gente tinha causado o desastre, com as camisas novas. Não tínhamos visto nem um jogo uniformizados antes. Essas coisas eram ditas sem que fossem levadas muito a sério. Hoje eu acho que era pra brincar com a gente mesmo. Nós éramos crianças e a gente nunca tinha visto uma Copa e essas coisas todas.

Quando o jogo acabou, eu fiquei perto do meu pai. Queria ouvir alguma coisa que fizesse sentido. Aí a televisão anunciou o nome dos jogadores que iam fazer exame anti-doping. E o nome de Paolo Rossi estava selecionado. Eu perguntei pro meu pai o que aconteceria se ele estivesse dopado. Meu pai respondeu que nada demais. Não anulam o jogo, “só anulam os gols que ele fez”. Anos depois, meu pai ainda ria dessa história. Porque eu fiquei esperando esse milagre. Parecia fazer sentido na época. Anular os gols da Itália não me parecia tão injusto quanto o Brasil estar fora da Copa.

Eu estou dizendo isso porque a Marina e a Branca acabaram de chegar aqui. E é praticamente a primeira Copa delas. Elas não sabem de nada. Não sabiam que a gente era a seleção canarinho. E eu tô aqui, baixando músicas antigas das copas pra elas ouvirem. E sério. Tô quase torcendo pro Brasil. E ouvindo um monte de música. E a minha favorita. Que diz assim.

E a seleção canarinho
voltando pro ninho
com a taça na mão.


Engraçado que a gente baixou todas. E estamos ouvindo. E a Marina sempre pede pra colocar de novo Wavin'Flag. E eu coloco seleção canarinho voltando pro ninho. Cada um com a sua Copa, né?

2 comentários:

  1. Da-lhe, da-lhe bola, meu canarinho vai deixar a gaiola, vai pra Espanha de mala e viola, vai dar olé a espanhola e rola e rola e rola essa bola,
    que eu quero ver toureiros de castanhola e goleiro babando na bolça com as mão na cachola ao tomar mais um gol na sacola, hey Brasil....

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  2. A Copa de 1982 foi um dos eventos mais catárticos da minha vida. E foram dias e dias de luto nacional, só vi algo parecido na ocasião da morte do Senna. A de 1986 foi bem traumática também, aquele jogo contra a França, que horror.
    Mas era outra época, outra mentalidade futebolística.
    Hoje em dia, acho tudo muito superficial e esquisito. Começou com o Lazaroni, que passou o bastão ao Parreira, e esta coisa chamada "geração Dunga" dominou tudo e agora faz o seu retorno triunfal. Táticas covardes jogadas por atletas de Cristo. Não suporto.
    2002 foi um alívio, a única vez em que me senti feliz ao torcer para a Seleção. Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo.
    Agora isso. Torci para os coreanos empatarem, juro. Não estou no clima mesmo.
    Mesmo assim, espero que as meninas se divirtam!

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